quarta-feira, 4 de agosto de 2010

“Recordar é viver” – “os meus tempos de quase revolucionário” - M. Cabral

Em 1969, após a minha ida à inspecção militar (com apuramento para todo o serviço militar), no 1.º ano dos EGUA, vim à “metrópole” de férias, tendo estado em Aveiro, com familiares, onde já havia estado no 3.º ano do liceu (3.º período) e recebi propaganda política das lutas estudantis de Coimbra, entre as quais um exemplar da revista IBIS, proibida pela DGS. Andei a passear, com a mesma, na bicicleta de um primo, na cidade. Nada aconteceu para tranquilidade dos meus pais.




Mais tarde, em 1972 – 73, entrei para professor eventual do liceu Salvador Correia (vizinhança com a casa onde vivia o Brito Cardoso) e onde havia frequentado o 6.º e 7.º ano, pois do 1.º ao 5.º foi no Paulo Dias de Novais (onde fui colega do Mangueira), ao lado de minha casa (ouvia a campainha – 1.º era um bater de ferro!!!) juntamente com o Martinho Cristógomo Ramos, que desistiu ao fim de 15 dias. Fiquei com um horário de 30 horas!!



Em 1974 entrei para a Sorefame de Luanda (ex-Hull Blyth – Casa Inglesa), na ilha, onde me mantive até final de 1978, quando regressei definitivamente a Portugal!



Em Outubro de 1975, vim passar férias à “metrópole” e regressei a Luanda a 4 de Novembro, com os meus pais já regressados e parte da minha família a dizer-me para não voltar a Luanda, porque me iam matar!

No dia 10, estávamos a trabalhar nos estaleiros, quando ao fim da tarde começámos a ouvir um grande tiroteio, que era do MPLA entricheirados na praia, a atacar com bazucas e lança rockets a FNLA, sita ao pé da base naval! Tivemos que “viajar” da ilha para o porto de Luanda, num rebocador que era da empresa. Depois fomos a pé para casa…De notar que neste dia Luanda estava quase a ser invadida pelas tropas sul-africanas capitaneadas pelo Santos e Castro, que se aproximaram até à ponte do panguila – cacuaco, com bombardeamentos, durante todo o dia! Os cubanos com a ajuda dos russos e dos órgãos Estaline (lançadores de uns 30 obuses em simultâneo, conseguiram rechaçá-los …..



No dia seguinte 11 de Novembro de 1975, estava eu a comemorar o dia de S. Martinho, com castanhas a estoirar e a beber bom vinho, enquanto as Klashnikovs, disparavam fogo de artifício, na zona do palácio. Morava na Rua da Misericórdia (cidade alta) e vim para a porta, ver passar a multidão que se encaminhava para a zona do palácio. Nisto vejo passar o nosso saudoso colega Miguéis, que não via há talvez 2 ou 3 anos! Lá fui na enxurrada assistir frente ao palácio, às cerimónias da independência, com o célebre Rosa Coutinho e o Almeida Santos a fazerem os discursos da praxe.



Sobrevivi a aventuras de risco, dormindo num canto da casa, com receio da queda de algum morteiro, pois só tinha o telhado a proteger-me (era o meu espírito aventureiro aos 26 anos!!!).

Publicarei outros relatos em próximas oportunidades…

1 comentário:

  1. Boa compadre.
    Eu saí de Angola antes da independência e, a seu tempo, também terei algo para contar.
    Um abraço

    Jorge, "o Grave"

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